Estamos até em certo ponto da vida tecendo um casulo, mesmo
não querendo, aguardando aquele momento em que decidiremos quem seremos, aquele
momento em que decidiremos ser alguém na vida, pra vida, enquanto estamos nessa
de tecer nosso cantinho único no mundo, na nossa consciência, esse cantinho
casulo, formado de nossas experiências de vida, nossas heranças culturais, mas
muito mais importante que isso, nosso poder de decidir dar nossa cara à aquilo
que aprendemos da vida, enquanto vamos tendo nossa relação no dia a dia, os
insights de luz sobre a percepção, as decepções traumatizantes, os abraços
carregados de ternura, ou os golpes de nós contra os outros, nisso tudo vamos
tecendo esse tal casulo inconcebível em forma física, mas real de forma
psicoespiritual, ah sim o casulo, de onde sairemos alguém formado, alguém com
uma identidade cultural, social e existencial.
Ok, esse momento é algo no qual não decidimos faze-lo não
acontecer, podemos até tardiá-lo, ou para alguns isso chega de forma muito
rápida, mas isso ainda é algo muito sútil à vida, o que eu gostaria de dialogar
é, “o enquanto no casulo”, essa é a fase que decidimos por nós mediante a tudo
aquilo que nos envolve como experiência de vida e perspectiva de mundo, nessa
hora é que decidimos sermos meros reflexos/imitações, ou levarmos nossa bagagem
dando importância aquilo que nos apetece, advindo de outros, mas com nossa
cara, nossa identidade. É essa àquela hora que abrimos os olhos e falamos ao
mundo “estou aqui como sou”, cara isso é maravilhoso, podemos responder à vida
por nós, nos responsabilizando de nós, por nós, conscientes de nós no mundo e
do mundo conosco inserido com todos.
Infelizmente nem todos damos a devida atenção para essa
metamorfose, negligenciamos na maioria dos casos esse momento mágico da
formação de nossa consciência, nesse caso inconsistência de ciência sobre nós
na vida e não dando chance para tal transformação de nossa consciência nos tornamos um ser aferroador. Há muitos que não olhando para si para olhar pra vida, olham a vida
como um algo avesso a si, e então como vítimas que se acham, culpam os pais,
amigos, os dias do passado, uma paixão antiga não correspondida, ou um
relacionamento fracassado como motivos que os afetaram com toda força os
deixando sem poder de decisão e então a única resposta que podem dar é o viver
o inverso do que esperaram e não deram conta de que aconteceram.
Quando é assim, saindo do casulo o indivíduo só tem em si
motivos para ferroar os demais, deixar doente os outros, envenenar a vida
alheia, buscam um sentido na vida perdendo o seu sentido de ser alguém capaz de
decidir ser melhor, e então por assim sendo não param para olhar pra si, já que
isso seria como ferroar a si mesmo, pois é dolorido assumir a responsabilidade
de ser algo ruim, quem pode ser que não em totalidade, mas na maioria de seus atos
só faz o que não gostaria que fosse feito a si mesmo, não há espaço nessa vida
para uma consciência sadia, que se renova em percepção de bem, e acabam se
adoentando por realizar o mal na vida dos outros. Na semelhança de um ferrão,
quando a abelha ferroa ela morre, o individuo que dedica sua vida a machucar os
outros vai morrendo em si a cada ferroada realizada, a cada não dito para a
bondade.
Mas ainda há esperança para esse ferroador, sim! um novo
casulo? Talvez, mesmo que ele seja um casulo por horas, um lugar onde esse ferroador
consiga parar de olhar para o seu ferrão com medo de se ferroar, e passe a
olhar para dentro de si, olhando o casulo que nunca vai embora, fica sempre
estático em um lugar, e ali encontrando motivos para não ter em si motivos para
ferroar, olhar para si mesmo é um exercício proposto para que a consciência
seja nascida em nós, “examinemo-nos a nós mesmos”, quando tal ser encontrando
em si motivos para poder decidir sobre quem se é, não fruto de apenas situações
sem poder decidir, mas um alguém que por ter vivido situações hoje sabe como
responder a vida em vários aspectos a fim de ser alguém forte consigo mesmo,
pois somente quem é forte sabe vencer o mal de si mesmo.
O ser uma vez consciente de si e responsável por si frente a
vida, não tem outra forma de vida se não a gratidão de ser quem se é, quem não
está satisfeito consigo mesmo é só quem não se enxerga, pois se enxergando a
felicidade de poder ser quem se é brota de dentro pra fora e alcança o
exterior, isso é, esse ser que saiu do casulo com a consciência grata, vai
polinizando a vida, alterando ambientes, realçando consciências e trazendo
sentido à lugares desfloridos, vai “polinizando” coisas boas pela sua gratidão
de poder responder a vida como se é, esse simples fato altera mundos, muda
visões e traz consigo significados íntimos de felicidade perene.
Bora En”casular”, decidindo não ferroar para não morrer,
crescendo e indo pra vida “polinizando” o bom caminho.
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