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sábado, 1 de agosto de 2015

O CASULO, A FERROADA E O VOO POLINIZADOR

O CASULO, A FERROADA E O VOO POLINIZADOR

Estamos até em certo ponto da vida tecendo um casulo, mesmo não querendo, aguardando aquele momento em que decidiremos quem seremos, aquele momento em que decidiremos ser alguém na vida, pra vida, enquanto estamos nessa de tecer nosso cantinho único no mundo, na nossa consciência, esse cantinho casulo, formado de nossas experiências de vida, nossas heranças culturais, mas muito mais importante que isso, nosso poder de decidir dar nossa cara à aquilo que aprendemos da vida, enquanto vamos tendo nossa relação no dia a dia, os insights de luz sobre a percepção, as decepções traumatizantes, os abraços carregados de ternura, ou os golpes de nós contra os outros, nisso tudo vamos tecendo esse tal casulo inconcebível em forma física, mas real de forma psicoespiritual, ah sim o casulo, de onde sairemos alguém formado, alguém com uma identidade cultural, social e existencial.

Ok, esse momento é algo no qual não decidimos faze-lo não acontecer, podemos até tardiá-lo, ou para alguns isso chega de forma muito rápida, mas isso ainda é algo muito sútil à vida, o que eu gostaria de dialogar é, “o enquanto no casulo”, essa é a fase que decidimos por nós mediante a tudo aquilo que nos envolve como experiência de vida e perspectiva de mundo, nessa hora é que decidimos sermos meros reflexos/imitações, ou levarmos nossa bagagem dando importância aquilo que nos apetece, advindo de outros, mas com nossa cara, nossa identidade. É essa àquela hora que abrimos os olhos e falamos ao mundo “estou aqui como sou”, cara isso é maravilhoso, podemos responder à vida por nós, nos responsabilizando de nós, por nós, conscientes de nós no mundo e do mundo conosco inserido com todos.

Infelizmente nem todos damos a devida atenção para essa metamorfose, negligenciamos na maioria dos casos esse momento mágico da formação de nossa consciência, nesse caso inconsistência de ciência sobre nós na vida e não dando chance para tal transformação de nossa consciência nos tornamos um ser aferroador. Há muitos que não olhando para si para olhar pra vida, olham a vida como um algo avesso a si, e então como vítimas que se acham, culpam os pais, amigos, os dias do passado, uma paixão antiga não correspondida, ou um relacionamento fracassado como motivos que os afetaram com toda força os deixando sem poder de decisão e então a única resposta que podem dar é o viver o inverso do que esperaram e não deram conta de que aconteceram.

Quando é assim, saindo do casulo o indivíduo só tem em si motivos para ferroar os demais, deixar doente os outros, envenenar a vida alheia, buscam um sentido na vida perdendo o seu sentido de ser alguém capaz de decidir ser melhor, e então por assim sendo não param para olhar pra si, já que isso seria como ferroar a si mesmo, pois é dolorido assumir a responsabilidade de ser algo ruim, quem pode ser que não em totalidade, mas na maioria de seus atos só faz o que não gostaria que fosse feito a si mesmo, não há espaço nessa vida para uma consciência sadia, que se renova em percepção de bem, e acabam se adoentando por realizar o mal na vida dos outros. Na semelhança de um ferrão, quando a abelha ferroa ela morre, o individuo que dedica sua vida a machucar os outros vai morrendo em si a cada ferroada realizada, a cada não dito para a bondade.

Mas ainda há esperança para esse ferroador, sim! um novo casulo? Talvez, mesmo que ele seja um casulo por horas, um lugar onde esse ferroador consiga parar de olhar para o seu ferrão com medo de se ferroar, e passe a olhar para dentro de si, olhando o casulo que nunca vai embora, fica sempre estático em um lugar, e ali encontrando motivos para não ter em si motivos para ferroar, olhar para si mesmo é um exercício proposto para que a consciência seja nascida em nós, “examinemo-nos a nós mesmos”, quando tal ser encontrando em si motivos para poder decidir sobre quem se é, não fruto de apenas situações sem poder decidir, mas um alguém que por ter vivido situações hoje sabe como responder a vida em vários aspectos a fim de ser alguém forte consigo mesmo, pois somente quem é forte sabe vencer o mal de si mesmo.

O ser uma vez consciente de si e responsável por si frente a vida, não tem outra forma de vida se não a gratidão de ser quem se é, quem não está satisfeito consigo mesmo é só quem não se enxerga, pois se enxergando a felicidade de poder ser quem se é brota de dentro pra fora e alcança o exterior, isso é, esse ser que saiu do casulo com a consciência grata, vai polinizando a vida, alterando ambientes, realçando consciências e trazendo sentido à lugares desfloridos, vai “polinizando” coisas boas pela sua gratidão de poder responder a vida como se é, esse simples fato altera mundos, muda visões e traz consigo significados íntimos de felicidade perene.

Bora En”casular”, decidindo não ferroar para não morrer, crescendo e indo pra vida “polinizando” o bom caminho.


Thiago S. Reis (02/03/2015)

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