Hoje em dia a deturpação do significado de responsabilidade é
gigantesca, tratamos a responsabilidade como culpa e isso é fato, quando nos
sentimos responsáveis por algo/alguém toda consequência que vier sobre esse algo/alguém recai
sobre nós e por fim nos sentimos culpados, ou por não ter feito nada, ou por
ter feito e ter errado, simplesmente porque nos achamos responsáveis/culpados por tal algo/alguém.
A questão é, quem se responsabiliza por alguém é cativo do
outro? Não, mas assim nos fazemos, com o pretexto de não magoar o outro, antes
mesmo de agirmos, nos reprimimos a não agir em função de “culpa” e antecipada, pensamos “não vou fazer isso porque
vai magoar o outro” e já determinamos como o outro vai reagir, concordo que magoar o outro não é o caminho e nunca será,
mas pensar assim é anular a si e anular o outro na gente, posto que sendo assim
nunca ofereceremos oportunidades e nem subsídios para que o outro seja ele, e
responda como somente ele responderá, não é a culpa de magoar o outro que deve
estar em nossa intenção, mas a responsabilidade de ser você e assim oferecer subsídios
para o outro encontrar as próprias respostas no próprio ser.
Quantas vezes pre-julgamos uma situação, pensando não farei isso
para que o outro não tenha tais consequências (sentindo-se responsável – na
verdade culpado pela possível consequência) e por fim a situação evitada
acontece e o outro responde totalmente diferente do que achávamos? Afirmo com
certeza, sempre será diferente, por que quando nos colocamos como
“responsáveis” – culpados – temos apenas as respostas que são nossas.
Portanto acusado ou acusador, aceita as acusações ou faz as
acusações, baseado na culpa responsável, que nada mais é do que uma
transferência de personalidade, espera-se do outro o que o outro não tem, pois
espera o que tem em si e o outro sempre terá nele o ele, da pra entender?
Por isso quando digo não sou responsável, não digo para a
individualidade, Não, pois estamos em constante contato e constante decisões
pessoais em relação a coletividade, ninguém vive sozinho quando decide, e
minhas decisões alteram a realidade das coisas coletivamente, mas digo não
responsável por esperar as minhas respostas nas mãos do outro, o que o outro
respondeu é responsabilidade dele, ninguém é inerte, ninguém não tem opção de
pensar e decidir, ninguém fica sem a faca e o queijo na mão, ninguém é um
ninguém a ponto de poder culpar o outro por sua culpa responsabiliatória, o
mais irresponsável tendo sanidade mental é o maior responsável por si.
Quando você da espaço para ser você mesmo sem sentir o peso da
“responsabilidade” culpa que pre-julga e sequestra, você enxerga a liberdade de sua escolha e passa a dar subsídios para que o outro responda à vida com as
respostas dele, então tu passa a saborear a existência não como um individualista que só pensa no próprio umbigo, mas
como um individuo que olha pro seu umbigo e sabe que é responsável por si.
Quero ser responsável sim pelos outros, sem culpa, responsável em ser eu mesmo dando a oportunidade do outro sentir a vida e responderem a ela
conforme são, indivíduos.
Sendo assim, qualquer responsabilidade é sadia e não leva
ninguém a um cativeiro, antes abre as jaulas da presunção pré-julgadora e não
sequestra-se ninguém.
Bora responder à vida responsáveis, em viver e deixar viver!
Thiago S. Reis (16/12/2014)
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